Alongamentos não Funcionam (Da maneira que você Pensa)…Parte 01

Texto retirado: www.fortius.com.br

Brooke Thomas

Alongamentos nos fazem ser mais flexíveis? Sei que a resposta óbvia, baseada em tudo que sempre nos foi dito com relação aos méritos do alongamento, é um: “Sim, Claro!”. Mas acontece que pode não ser o caso. Mas pode ser o caso. Ao menos um pouquinho. Mas não totalmente. Certo, deixe-me explicar.
Alongar seus Membros ou Alongar sua Mente?

Me deparei com algumas coisas recentemente, que me fizeram repensar aquela crença comum em relação ao alongamento, algo como: alongue os pedaços rígidos de seu corpo e eles ficarão mais flexíveis.

 

As coisas que me fizeram repensar são:

  1. Uma entrevista que fiz em um podcast com Jules Mitchell,que está escrevendo um livro (e acabou de finalizar uma tese) na ciência do alongamento.
  2. Um guia que estou montando sobre como resolver o problema de rigidez nos isquiotibiais, que fez com que eu mergulhasse em pesquisas a respeito de como fazer com que estes músculos retornem a um comprimento mais funcional.
  3. Por último, mas não menos importante, estou lendo o novo livro de Katy Bowman: Move your DNA. Onde suas percepções a respeito dos sarcômeros (N.T: A menor unidade contrátil que possuímos) captaram minha atenção.

SARCÔMERO

 

Agora, farei o meu melhor e tentarei resumir os tópicos que surgiram a partir dessas 3 coisas.

 

Seu Sistema Nervoso Comanda o Espetáculo

Na sua entrevista comigo, Jules Mitchell falou a respeito de como ela começou sua tese, com a intenção de mostrar a Ioga Asana sob um ponto de vista biomecânico, que é exatamente o que ela faz. No entanto, em virtude de ela ter começado seu trabalho sob a perspectiva de uma professora de ioga (com todos os ensinamentos que ela teve a respeito de como o alongamento leva a uma flexibilidade aumentada), ela ficou surpresa em descobrir que as pesquisas em relação ao alongamento não suportam essa ideia.

Ela descobriu que a noção de que se alongarmos mais e com mais afinco os tecidos irão se modificar, não era verdadeira. Na realidade, não somos pedaços de argila que podem ser moldados através de puxar partes com persistência. Isto porque nosso sistema nervoso central comanda o show.

O que isto significa? Significa que a menos que você esteja sob o efeito de uma anestesia geral (onde miraculosamente irá ganhar mobilidade total e até uma amplitude de movimento excessiva), sua habilidade de alongar em qualquer amplitude é determinada pela tolerância do seu sistema nervoso àquela amplitude.

Quando se tem isquiotibiais super rígidos e se tenta inclinar a frente (N.T: como na foto do início) e se encontra uma resistência rígida, isso não significa que é necessário puxar os isquiotibiais com se eles fossem algo inanimado.  O sistema nervoso central é o que dá aquela amplitude final firme, e é basicamente como se dissesse: “Não, Desculpe companheiro. Não me sinto seguro naquela amplitude, então não estou te deixando chegar lá”

Ficar insistindo nisso e tentar forçar os isquiotibiais em amplitudes maiores, terá um de três resultados:

  1. Nada irá acontecer.
  2. Os isquiotibiais ficarão mais curtos.
  3. Irá ocorrer lesão ao tecido (o que leva mais ou menos 2 anos para curar totalmente, se estivermos falando de lesão no tendão).

Eu recomendo não tentar forçar, tentando sobrepujar o sistema nervoso em problemas de flexibilidade. Ele irá ganhar e não será agradável.

 

O Freio de Emergência do Corpo

Por que o sistema nervoso não se sente seguro e  portanto limita sua mobilidade? Porque aquela amplitude não é familiar, ou porque padrões compensatórios no seu corpo determinaram que certas partes do corpo precisam funcionar como um freio de emergência a fim de segurar as coisas juntas. Isso se resume a questões de controle motor  e da Lei de Davis, que pode ser (super) simplificada como: “Use ou Perca” (N.T: a Lei de Davis, seria a Lei de Wolff aplicada à tecidos moles. A Lei de Wolff, de maneira resumida diz que um osso responde aos esforços mecânicos modificando sua estrutura interna, como forma de adaptação às forças aplicadas).

Enquanto trabalhava no meu guia para liberação de isquiotibiais encurtados, eu sempre voltava à questão de como esses músculos funcionam em algumas pessoas com encurtamentos crônicos, como um freio de emergência. Este tipo de padrão compensatório surgem por uma série de razões, as mais comuns podem ser uma musculatura profunda do core sub-ativa, musculatura do core muito rígida (sim, sub-ativa e muito rígida podem aparecer juntas), adutores fracos, e muito mais. Se estas ou outras estruturas chave de estabilização não podem fazer o seu trabalho de forma satisfatória, os isquiotibiais serão recrutados. Eles irão assumir devido a falta de apoio de outros lugares.

Voltando à analogia do freio de emergência (N.T: Aqui no Brasil o termo seria freio de mão nesse caso): – Se seu carro está estacionado na beira de um penhasco e está seguro apenas pelo freio de mão, você o liberaria?

Não se você é alguém são. Esta é a mesma decisão que seu sistema nervoso tem que tomar quando você tenta se dobrar a frente e é parado prematuramente.

 

 

Continuando com o artigo sobre alongamentos, o mais importante a ser tirado de lição, ao menos para mim, é se ter a percepção de que muitas vezes, o aparente “encurtamento” é uma medida de proteção, uma tentativa do sistema nervoso central de criar estabilidade porque há falha em outra parte. Os músculos que deveriam fornecer estabilidade estão inibidos/sub-ativos/com atraso de ativação, chame como quiser. Nesse caso, o provável mecanismo de compensação pode ser aumentar a rigidez de outros músculos, tornando-os menos móveis. Forçar um alongamento nesse caso, não vai adiantar.

 

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